Você já se pegou perguntando para que trabalha? Essa dúvida é mais comum do que parece — e pode revelar muito sobre suas escolhas, valores e bem-estar. A primeira resposta que vem à cabeça é dinheiro. Precisamos pagar as contas. Trocamos a força de trabalho por dinheiro para poder prover as necessidades básicas, como abrigo e comida. Além disso, desejamos alcançar os objetos de consumo criados pelo ambiente.
O trabalho é inerente àquele que vive em sociedade. Mas, quais são as forças que nos movem além do ganho monetário? O que nos impulsiona além do dinheiro? Há uma relação importante entre o indivíduo e o trabalho. No modelo capitalista vigente, essa relação dimensiona o valor de cada ser humano por sua força de produção.
Muito da identidade é moldada pelo trabalho: é o que fazemos, onde passamos a maior parte do tempo. Pegando emprestado alguns dos conceitos da psicanálise, pode ser uma forma de sublimar desejos. É uma possibilidade transformar a pulsão em algo socialmente aceito. Fazemos isso através de um ofício repetido todos os dias.
Para Marx, a forma de produção capitalista é marcada pela alienação. O trabalhador não possui nenhum envolvimento com o que está produzindo e não conhece o processo completo de produção. Deste modo, o trabalho deixa de ser uma manifestação da colaboração do viver em sociedade. Passa a ser algo forçado. Não é voluntário. Essa estrutura gera a exigência de se dedicar cada vez mais, sem questionar os porquês. Isso causa uma venda da força de trabalho cada vez mais precária. Torna não possível a mobilização coletiva para melhores condições e melhor remuneração.
A carreira que seguimos são marcadas pelo contexto social e histórico. Seja a partir de uma escolha ou uma série de condições do ambiente que levam para determinado caminho. A maneira como o ambiente nos vê é diretamente impactada pelos marcadores sociais da diferença. Isso inclui gênero, raça e classe social, entre muitos outros. Também somos impactados em como nos entendemos como parte dele.
Como a terapia ajuda a trabalhar melhor?
Na psicoterapia, é possível ressignificar a relação com o trabalho. Compreender suas dores, redescobrir motivações e cultivar equilíbrio. A terapia deve ser o lugar de disruptura com esse padrão. Busca-se, a partir da relação com a alteridade, fornecer os recursos para que se compreenda quem se é hoje. Isso ajuda a identificar as possibilidades abertas e o que cada caminho pode seguir. Só a partir disso, é possível desalienar-se, descentralizando propósito e esforço apenas em prol do capital.
Se essa pergunta também ecoa em você, talvez seja hora de olhar com mais carinho para sua história profissional. Vamos conversar?
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