Há algum tempo trouxe pra cá uma reflexão sobre a Teoria Geral dos Sistemas e como ela se conecta com a terapia gestáltica.
Nesse texto, quero aprofundar no assunto e falar de como é essencial não só verificar os papéis exercidos, mas compreender como eles são descritos e trazidos dentro da terapia e como o indivíduo se relaciona com eles dentro de sua própria subjetividade.
Mais do que olhar para as vivências passadas, a Gestalt-terapia dá atenção a como o consulente coloca significado e dá sentido ao próprio mundo a partir de suas experiências. Por isso, é necessário manter uma escuta ativa para não só entender a situação trazida, mas o ‘como’ ela é descrita.
Em todos os sistemas, principalmente nos papéis mais enraizados como os de gênero, há a definição estereotipada do que significa ser cada coisa e o que deve ser performado. Felizmente, estas não são verdades absolutas. Cada pessoa dá seus próprios significados e se entende dentro dos sistemas de maneira única. Afinal, a vida não é uma linha reta e diversas vezes apresenta situações totalmente diferentes do que é esperado.
Papeis não são fixos
Os papéis podem ser reescritos de acordo com como a pessoa se sente e como as relações se dão. É a partir dessa descrição que se faz uma terapia fenomenológica-existencial como é a Gestalt-terapia. Sem se deixar levar apenas pelas definições do dicionário ou sociais de cada coisa, mas olhando quais são os pontos singulares do indivíduo sobre cada situação, como os papéis são internalizados, afetam as esferas da vida e, principalmente, se causam algum tipo de desconforto ou sofrimento.
Cada indivíduo, relação e sistema social é único. É o olhar cuidadoso e atento para cada existência que permite uma terapia para o aqui-e-agora, no qual é possível deixar emergir um caminho mais consciente, aberto às possibilidades possíveis.
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