Aproveitando uma palavra que surgiu de uma das consultas para fazer uma reflexão: como defino overthinking ou “pensar demais”.
Tenho trabalhado com uma polaridade entre “pensar demais” versus “pensar muito”. É possível verificar que em certas situações o pensar muito sobre a situação pode ser importante. Há descrições de como esta pode ser uma forma de tomada de decisões ou uma possibilidade de solução de problemas complexos. Pensar estrategicamente é frequentemente descrito como fundamental para o planejamento do futuro e para fazer escolhas adequadas ao contexto que se apresenta.
Posso especular que o que separa o “pensar muito” do “pensar demais” é o limite entre o que é saudável e adequado para a situação do que não é. Quando emerge a angústia ou a ansiedade, pode ser um indicativo que o “pensar demais” é um hábito executado automaticamente, sem conexão com o aqui-e-agora. Posso investigar se o “pensar demais” não se tornou um escape para a não consciência. De qualquer forma, costumo escolher recursos como acolhimento e cuidado para identificar se este escape não está contribuindo para estados depressivos, estressantes e ansiosos.
Tornar-se refém do pensar pode limitar a capacidade de estar presente, de ouvir e olhar para outros aspectos de si mesmo e do outro, como identificar desejos e necessidades. Somos seres tanto racionais quanto emocionais. No entanto, somos treinados para valorizar a razão em detrimento da emoção.
Pensar muito não é uma questão em si, podendo ser saudável, inclusive. Essencial é entender até onde é preciso se engajar com a atividade do pensar e até onde não se torna além do que é necessário.
Outro pensar: Sobre pensar demais, por Raquel Costa
Deixe um comentário