Será que há um modo, uma receita, para conseguir neutralizar certas emoções? Parar de sentir determinadas coisas? De certo, há quem venda esse discurso por aí, que até vem de um desejo válido, porque estar tomado pelas emoções pode representar mais sofrimento. Contudo, esse movimento demanda tempo e energia para forçar que tudo aconteça como queremos, nos privando do entendimento da emoção como sintoma de algo que demanda cuidados.

Costumo sempre dizer que as emoções devem ser entendidas como uma bússola que aponta para o caminho do que precisa ser revisto e compreendido, sendo acolhido exatamente do jeito que é para, aí sim, ser transformada em outra coisa.

Toda a emoção que sentimos é válido e importante na jornada, por vezes tumultuada, do autoconhecimento. Sentimentos como a raiva e a frustração, normalmente invalidados nos grupos sociais, são importantes por serem um marcador claro do que causa desconforto e, quando reconhecidos, trazem outras perspectivas e oportunidades de mudanças. Não existe sentimento que surge do nada. Todos eles integram quem se é neste mundo.

A resolução das próprias questões não pode acontecer de trás pra frente, porque não há conforto em apaziguar as próprias emoções sem lidar com as questões que emergem. É justamente olhando para o que acontece que é possível encontrar a resolução, se não sozinho, com o apoio de um terapeuta.