Cultivar o pensamento positivo pode até ser um mecanismo importante para lidar com situações adversas, mas tenho uma certa cisma com essa ideia de pensar positivo a todo custo. Às vezes, esse movimento soterra sentimentos que precisam ser respeitados, mesmo que dolorosos.
Manter uma postura otimista pode ser benéfico, ajuda na confiança e tal, mas negar as próprias emoções pode gerar uma positividade tóxica e mascarar o que precisa de acolhimento.
O que é negativo e desagradável também tem sua razão de existir. Não é para ser escondido, jogado para debaixo do tapete e disfarçado com a mobília do imaginário good vibes por cima. Se prender somente a uma postura de ter pensamento positivo a qualquer custo pode fazer com que se ignore certas necessidades deste organismo.
Em algum ponto da nossa história ficaremos com raiva, tristes e frustrados, faz parte. O otimismo é importante para o avanço, para conseguir atravessar aquele dia horrível, mas ser realista e respeitar o como e o porquê do que se sente também é oportunidade de crescimento, é aprendizado, é respeitar seus próprios tempos e movimentos.
O caminho que ofereço na terapia é encarar esse recurso apenas como isso: um recurso. Uma possibilidade paliativa mas que precisa ser frequentemente revista, porque está normalmente relacionada a mascarar uma forma, um pensamento negativo que tem razão de ser e, uma hora ou outra, precisa também de espaço para reconhecimento e acolhimento.
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