Uma reclamação que chega frequentemente no consultório e que pode ser ouvida em conversas casuais por aí é o “não adianta falar”. A sensação de impotência que toma conta quando é necessário falar repetidamente sobre alguma coisa com alguém e nada muda, quando as atitudes e questões permanecem as mesmas. Quando me deparo com essas demandas, tento não falar logo de início sobre as mudanças. Observo primeiro qual é a mensagem, como ela está sendo repassada e se existem possíveis ruídos na comunicação.
Nossas interações com o mundo externo em momentos de comunicação se dão a partir do envio de uma mensagem constituída pelo conteúdo das informações transmitidas e endereçadas ao receptor, a quem se destina a mensagem. O receptor fará a decodificação, o processo de identificação e a interpretação dos sinais transmitidos. Este receptor faz isso a partir de suas construções emocionais, culturais e históricas. Além disso, a composição da mensagem, constituída pelos códigos que utilizamos, também é impactada por nossas próprias vivências e questões.
Não reagimos passivamente às informações que recebemos
Isso significa que não somos passivos às informações que chegam, mas que reagimos a ela e construímos percepções a partir dos próprios recursos. Por isso, podem existir diversos ruídos
RUIDOS: elementos que interferem no processo de comunicação, de ambos os lados, e que dificultam o entendimento entre transmissor e receptor.
Dentro do espaço terapêutico, devemos buscar compreender quais são esses ruídos que atrapalham uma comunicação efetiva e honesta dentro das relações. Busca-se também o que é necessário ajustar para que a mensagem seja transmitida de forma clara, alta o suficiente para ser escutada e que não seja guiada unicamente pelas emoções, onde só é possível falar o que está sentindo a partir de sentimentos como a raiva ou tristeza.
Mais do que apenas falar sobre um problema ou algo que não vai bem, é preciso buscar compreender como a pessoa está recebendo a informação e se ela possui os recursos necessários para lidar, porque há uma enorme variedade de contextos sociais e culturais que culminam em uma multiplicidade gigante de leituras possíveis.
Mais do que ser entendido, é preciso compreender o outro para, enfim, ser compreendido.
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