Em tempos de populares dancinhas, life hacks e tutoriais de make, o Instagram anunciou que vai priorizar o compartilhamento de vídeos e diminuir o engajamento de postagens com imagens e textos. É a estética do Tik Tok ditando um novo formato de conteúdo e definindo padrões idealizados do que deve ser consumido. O feed passa a ser uma vitrine de uma representação da realidade, pensada para aderir ao que está em alta no momento e que pouco tem a ver com o cotidiano, a vida real.
Com a importância das redes sociais para o marketing digital, a adaptabilidade é importante. No entanto, é preciso questionar até que ponto é saudável para um profissional se adequar a esses novos formatos. Não se pode esquecer que muito do que povoa o ambiente virtual é um reflexo distorcido, cheio de filtros e ângulos específicos, de uma realidade que não existe e que não deve ser utilizada como moldes da auto imagem. Esta imagem torna-se apenas um simulacro, termo cunhado por Baudrillard, que descreve essas simulações imagéticas da realidade, que acabam por despertar maior atração que o objeto ou situação em si.
Somos seres coletivos
Nossa existência está conectada às relações que construímos com o ambiente. As redes sociais dão, justamente, essa sensação de criação de laços mesmo a distância, que apesar de parecer suficiente, é só temporária e potencialmente viciante. Um único like não é o bastante e, na busca por mais, aderimos ao que proporciona mais engajamento, em um apagamento da singularidade.
No fim, a questão é sobre poder fazer as suas escolhas, sem se tornar refém dos estímulos. Eu escolho não me adequar a uma ferramenta. Escolho continuar fazendo o meu trabalho e continuar resistindo à pressão de performar ser alguém com o qual não desejo me identificar.
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