Hoje, vamos falar sobre cozinhar e comer.
O relacionamento que temos com a comida vai muito além de apenas uma necessidade do organismo. Ela se relaciona com uma série de características culturais, políticas e sociais. Além disso, está intimamente ligado a desejos, sensações e emoções. Cozinhar e comer é, em grande parte, relacional. Algo que se faz como forma de cuidado consigo mesmo e para com o outro, para suprimir ou ampliar sentimentos.
Há uma desconexão crescente com o ato de comer em nossa sociedade. Está cada vez mais condicionado por dietas mirabolantes, comidas ultra-processadas, deliverys e refeições pré-prontas. Somar esses fatores a rotina cada vez mais corrida faz com que comer não seja sempre priorizado. Uma atividade necessária, mas que não recebe a devida atenção e é rotulada como autossabotagem quando atende a certos desejos.
Mas a verdade é que comer faz parte de quem somos. É intrínseco às relações consigo mesmo e com o outro. Conta sobre de onde viemos, qual é nossa história ancestral e hábitos culturais. Uma relação não saudável com a comida pode estar associada a traumas sobre a relação com o próprio cuidado.
A conexão pode ser resgatada de diferentes formas. Refiro-me ao ato de cozinhar e elaborar algumas refeições quando há tempo para escolher melhor os alimentos. Deve-se manter no momento presente durante o ato de comer. Para começar, não é preciso mudar sua rotina de cabeça para baixo. Pode-se ir aos poucos, dentro do que é possível, livrar-se da culpa. Cozinhar e comer é parte importante da vida.
Sua alimentação é a sua escolha sobre o que entra no seu organismo, o que faz parte de você. Se você nunca olhou com atenção e refletiu sobre o que e como você come, sempre há tempo para começar. Seja para alcançar certos objetivos ou estabelecer uma relação mais saudável consigo mesmo. Pode ser apenas como uma forma de cuidado e respeito ao próprio corpo.
Dica: assista a série documental “A História da Alimentação no Brasil“, baseada na obra de Câmara Cascudo.
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