O Chat GPT tem batido na porta de quase todo profissional. É possível que você tenha tido algum contato com a ferramenta e com suas possibilidades. Hoje quero direcionar essa conversa para os psicólogos aqui da minha rede para verificar como inteligência artificial e psicoterapia tem interagido hoje
Há alguns meses tive contato com uma notícia na Folha de S. Paulo sobre jovens que estão utilizando o Chat GPT como possibilidade para psicoterapia. O texto gerou uma reação nas comunidades profissionais que participo e me despertou para um tema: a disponibilidade da pessoa psicóloga e o que leva alguém a preferir conversar com uma inteligência artificial neste contexto.
Um dos pontos que se destaca no artigo é dos possíveis julgamentos que podem vir na escuta terapêutica e esse tema é tem sido debatido com alguma frequência entre nós, psicólogos. Algumas pessoas preferem buscar especialistas com vivências e características similares a suas para que possam se sentir acolhidas nas demandas, e não são incomuns relatos de profissionais que desrespeitam ou não entendem profundamente o que vivências diferentes da sua significam.
Eu tenho sentido muito, enquanto psicóloga, a importância de entrar em contato com a diversidade para poder acolher melhor quem chega ao meu consultório. Não em um estado de confluência, onde me identifico e me misturo com a experiência vivida do outro, mas sobre como experiencio e verico minha disponibilidade para estar em contato com vivências, buscando me capacitar para acolher a singularidade do outro.
Dito isso, enfrento a precarização da atividade psicoterapêutica, porque há um limite nesta disponibilidade. O psicólogo precisa ter recursos como tempo e renda para cuidar do próprio corpo para somente então estar disponível para o outro.
O caminho que vejo é da necessidade de me diferenciar dos recursos que a inteligência artificial apresenta. Somente a escuta ativa e treinada pode oferecer um acolhimento sem julgamentos e conectado com o contexto subjetivo da realidade de cada consulente. Se precarizo o trabalho como psicoterapeuta, não consigo me diferenciar de uma IA.
(Texto sujeito a envelhecer mal…)

Deixe um comentário