Psicóloga Simone Villas Bôas Saraiva

psicóloga, gestalt-terapeuta

CRP 06/177991

Lembrar e esquecer

É senso comum a importância do lembrar, mas não é nada do senso comum a experiência saudável do esquecer. A maior parte do que vivenciamos, das informações e estímulos que temos acesso durante a vida são esquecidas. 

Há patologias que podem gerar problemas na memória e que precisam ser verificadas. No entanto, o cérebro por si só possui mecanismos que possibilitam o registro e o esquecimento. Ambos são essenciais para manter o que precisa ser lembrado e descartar o que não é necessário. Só assim é possível dar espaço a coisas novas.

De certo, não precisamos lembrar de tudo o tempo todo. Esquecer o que comeu pela manhã é necessário para lembrar de tomar o remédio na hora certa. E este, por sua vez, pode passar batido, já que no horário você precisou focar em algo urgente. 

Entendo que possa surgir frustração no esquecimento, mas tem muita coisa acontecendo ao nosso redor. É preciso verificar o quanto o corpo está sobrecarregado de informações. Esta sobrecarga prejudica o foco e a atenção necessários para se estar no momento presente para registrar e lembrar depois. 

Não é necessário guardar tudo no próprio corpo! 

Existem meios para ajudar a lembrar e as coisas podem ser distribuídas. A marcação de tomar o remédio pode ser feita em um aplicativo no celular, por exemplo. É possível também quebrar tarefas grandes em listas ou escrevê-las em um bloco de papel.

A mente não precisa dar conta de tudo sozinha. Já há diferentes mecanismos trabalhando continuamente para registrar aprendizados e aprimorar tomadas de decisão. Use os recursos disponíveis no ambiente para facilitar o que é possível para priorizar do que precisa ser lembrado. 

Esquecer é importante para lembrar. 

É esquecendo que se abre espaço para novas informações. Só assim, é possível aprimorar o espaço finito do cérebro para armazenar o que é realmente necessário. É um movimento contínuo. O fluir da memória permite guardar o que é relevante, aprender e reaprender certas coisas que podem ser vistas de outra perspectiva, descartar o que não é necessário e não registrar memórias traumáticas que podem ser debilitantes.

Lembre-se do seu direito garantido de esquecer.



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Simone Villas Bôas Saraiva

Simone Villas Bôas Saraiva

CRP 06/177991
Psicóloga clínica, gestalt-terapeuta, especialista em gênero e sexualidade. Psicoterapeuta com experiência clínica com demandas de estresse, ansiedade e depressão.


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