Quantas vezes você já ouviu frases como “é melhor separar a razão da emoção” ou “não pense com o coração”? Tendemos a este modo de pensar desde sempre. Aprendemos que essas duas coisas, razão e emoção, devem ser entendidas de maneira distintas. Essa é uma compreensão que se estende para o corpo e o mundo.

Estamos sempre categorizando, a partir da ideia de dualidade de mente e corpo. Nele, só é possível conhecer e ocupar fazendo por partes. Pensar assim dificulta o entendimento da totalidade de ser. É comum a descrição sobre uma mente que permanece em constante guerra com um corpo. Um corpo que não corresponde a tudo que se quer por se cansar, envelhecer e ter limites.

Entender e pensar como gestalt-terapeuta pressupõe romper com essa visão cartesiana. Não há separação entre mente e alma, entre razão e emoção. As demandas trazidas na clínica sempre devem ser olhadas com atenção. Verifica-se as emoções, o que elas retornam e o contexto em que são construídas. A extensão do sentir não depende exclusivamente do cérebro, mas das interações deste órgão com o restante do organismo. Este é um desafio não somente em mudar o modo de ver o mundo enquanto psicoterapeuta. É também compartilhar esta visão de mundo com a consulente.

Decisões e saberes devem ser sempre considerados pelo prisma da intersubjetividade e da diversidade. Quando penso, tenho um diálogo comigo mesma. Mas também posso ser bem guiada pelas emoções. Deste modo, me torno capaz reagir melhor aos estímulos do mundo.