De um tempo pra cá, tem sido mencionado em diversos atendimentos a busca por uma maior produtividade e a frustração por não a alcançar. A lógica da produção, que associa nosso valor a quem somos enquanto trabalhadores, tem se tornado cada vez mais popular nestes tempos em que o ambiente de trabalho e descanso se misturam, sem delimitações de onde e quando um começa e o outro termina.

Viver uma pandemia em isolamento social sobrecarrega os sentidos e pode-se observar um fenômeno coletivo de esgotamento. As incertezas sobre o amanhã atreladas à superexposição às redes sociais nos faz achar que estamos sempre fazendo pouco e essa cobrança mina a disposição, gerando impactos na saúde mental. Não dá para querer fazer o mesmo — ou mais — que antes neste cenário.

Apesar de não haver um manual de instruções do que fazer para lidar bem com uma pandemia, posso oferecer um conselho: encontrar seu próprio equilíbrio, respeitar seu ritmo e não se tornar refém dos estímulos externos. Você não precisa sair dessa pandemia fluente em três línguas, mestre do Yoga e com experiência em jardinagem. Ocupe o dia com coisas que te fazem bem e deixe espaço para o ócio.

Tempo livre é importante para a criatividade e para oferecer novas possibilidades.

Produzir é necessário e traz autorrealização, mas tem um custo. Sua régua sobre você mesmo não deve se basear em impressões do que os outros estão fazendo ou dizendo que estão. Cada um de nós é um ser singular, que lida com as situações de formas diferentes a partir das próprias vivências e essa, com certeza, é uma das belezas da existência. Que tal não se cobrar tanto assim? Paradoxalmente, a vontade de criar e fazer pode vir a fluir.