Ultimamente tenho pensado bastante sobre a polaridade rigidez e flexibilidade, muito advindo de encontros e o que vejo deste mundo.
Aqui, defino rigidez como um padrão cristalizado de perceber e dar significado às situações. Há um modo de replicar a visão cartesiana de que existe um único caminho lógico. Domar a natureza pelo desmatamento e pelo concreto. Assim, serve exatamente da forma como nós desejamos consumir este espaço e seus recursos. Do mesmo modo, há um convite para forçar estes corpos humanos e orgânicos a se adequar a um ideal estético.
Essa visão rígida das situações pode evidenciar uma impossibilidade de exercitar a flexibilidade. Ao contrário da ciência exata que permite definições precisas e simplistas entre retas e curvas, somos organismos vivos. Movimentamo-nos potencialmente de formas diferentes e imprevisíveis.

Adaptar a diferentes contextos é inerente a quem somos. Se eu corro, preciso respirar mais rápido do que em repouso. Se adoeço, preciso de um maior descanso para conservar energia e utilizá-la no processo de cura. Esse é o modo de ser do organismo, de ser flexível e adaptativo ao que está acontecendo no aqui-e-agora.
A sensação de precisar estar continuamente atendendo ao relógio cronometrado do mundo cartesiano é uma ilusão que adoece e limita. É a presença, não a disciplina, que permite identificar e aproveitar as possibilidades possíveis.
Faz-se necessário ir para além da rigidez do concreto, do progresso pelo progresso. Treinar a flexibilidade diante dos desafios da vida contemporânea são ainda exercícios pouco valorizados.
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