Um dos desafios no processo terapêutico é conseguir se desvencilhar de uma visão engessada de si mesmo e do outro. Um exemplo disso é o popular “Síndrome de Gabriela”. Esta visão de que “nasci assim e vou viver assim” impede uma abertura necessária para conceber formas diferentes de ser-no-mundo. No entanto, reconheço a tentação de se agarrar a ideias fixas e generalizantes.
É possível haver uma certa resistência ao crescimento e à mudança ao longo da vida, o que faz com que algumas práticas e costumes sejam introjetados sem serem questionados, muitas vezes, nem percebidos, impactando a forma como as relações são construídas.
Mudar é implícito ao processo de autoconhecimento
É justamente na decisão de romper com estas ideias, quase sempre marcadas pelas lentes embaçadas dos estereótipos e generalizações, que o processo terapêutico e a possibilidade de mudanças genuínas podem acontecer. Ao entender as próprias recorrências, abre-se espaço para refletir e conscientizar-se da diversidade do mundo ao redor, dos próprios limites e recursos, verificando o que é realmente possível de ser feito a partir das próprias construções.
Segundo a Teoria Paradoxal da Mudança, a mudança só passa acontecer, de fato, depois que o indivíduo toma consciência de seu ser-no-mundo, se conhece e se aceita. Mudar é implícito ao processo de autoconhecimento, porque é justamente quando reconhecemos nossas vontades, limites e desvios, que conseguimos ver com clareza onde queremos chegar e quais são as ferramentas necessárias para que o caminho seja mais saudável, pautado em uma realidade mais funcional.
Para alcançar a mudança, é preciso abrir espaço para o aprendizado e reflexão das próprias demandas, sem julgamentos, buscando entender quem se é e quais são as possibilidades possíveis.
Modinha para Gabriela
Autor: Dorival Caymmi
Quando eu vim pra esse mundo Eu não atinava em nada Hoje eu sou Gabriela Gabriela he! Meus camaradas Eu nasci assim, eu cresci assim Eu sou mesmo assim Vou ser sempre assim Gabriela, sempre Gabriela Quem me batizou, quem me iluminou Pouco me importou, e assim que eu sou Gabriela, sempre Gabriela Eu sou sempre igual, não desejo mal Amo o natural, etc e tal Gabriela, sempre Gabriela
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