Ao estarmos em frente ao desconhecido, seja ele a partir de grandes pontos de virada ou novas situações cotidianas, descobrimos e recriamos quem somo. Isso porque assimilamos outros signos e sentidos à nossa concepção do mundo. Através das várias transformações que o corpo Alice passa, desde o líquido que a encolhe ao bolo que dobra seu tamanho, a fazem questionar quem ela é. Talvez não seja mais a mesma pessoa de quando acordou. Todos os seus recursos de autoconhecimento precisaram ser questionados a partir da nova disposição do mundo ao seu redor.
Sob a perspectiva da gestalt-terapia e do zen budismo, o processo perceptivo se inicia a partir da tomada de consciência direta da realidade vivenciada no presente. Entendemos com clareza que de nada adianta querer se apegar à uma ideia, um objeto, ao dinheiro guardado no banco. Não somos os mesmos que éramos ao acordar. Através das experiências e do contato com as outras pessoas nós mudamos, assim como o mundo. A tentativa de se moldar a algo fixo apenas torna o crescimento mais difícil.
No fim das contas, nunca se sabe quando o coelho branco passará correndo. O importante é entender toda vivência como uma fonte de nutrição. Cada livro, filme, conversa ou reflexão é parte integrante da fabricação de um novo eu, mais aberto para o mundo, mais flexível.
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