Estamos em ano de eleição e acredito que é importante vir aqui falar da implicação política na psicoterapia, principalmente em clima tão radicalizado como o que estamos vivendo hoje.

Num momento que fica tão marcado nossa responsabilidade de exercer democracia, venho destacar o que fala o Código de Ética Profissional do Psicólogo sobre o assunto. É pontuado que não há uma prática psicoterapeuta desconectada de seu contexto. Se faço parte do mundo, minha visão também é afetada pelas normas sociais. No entanto, é vedada qualquer maneira de induzir e influenciar convicções e ideologias aos consulentes. 

O código destaca um ponto fundamental do fazer terapêutico: o reconhecimento de que não somos neutros. Não existe neutralidade, porque estamos todos implicados em um contexto social e político. Mas é essencial estar consciente de quem somos, de onde nós estamos e qual a realidade singular de cada pessoa, que não deve ser encarada através das próprias convicções ideológicas.

Isso significa que não aparecerei por aqui fazendo campanha político-partidária e manifestando minha preferência por um ou outro candidato. Mas significa também que meu compromisso como psicóloga, me faz lembrar de que certas políticas públicas e posicionamentos políticos são contrários à ética profissional a qual jurei. Não irei me omitir na defesa dos direitos humanos.

É meu dever atuar com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural que me cerca. Deste modo, espero servir da melhor forma.