Lendo sobre pecados capitais me deparei com uma informação interessante. Os 7 pecados capitais não tiveram origem no cristianismo e não estão presentes na Bíblia. Foram adotados depois pela igreja católica como uma forma de difusão de seus dogmas e fundamentos. Foi um monge grego chamado Evagrius Ponticus (345-399) que os listou no século IV. Ele os idealizou como uma forma de disciplinar corpo e mente e afastar o homem das transgressões do mundo.

Pois é, os pecados capitais vêm de um conceito social ocidental. Isso faz bastante sentido, na verdade, porque eles falam muito do modo como nós nos configuramos em sociedade. Sociedade essa onde certas emoções são tão julgadas e reprimidas que passamos a não entender o que querem dizer.

Faço um convite para romper com essa lógica punitivista e trazer esse conceito para dentro da psicoterapia. O rompante de sentimentos emergidos como pecados capitais são de extrema importância. As emoções que se julga como negativas conversam com as necessidades de cada indivíduo.

Preguiça, gula, ira e todos os outros “pecados” podem estar conectados com as necessidades não atendidas. Podem estar relacionados não só com a situação atual, mas com toda a história de uma pessoa. Qual espaço a preguiça ocupa? Será que você quer fazer o que está fazendo? Qual é a função gula em sua vida? Por que não dar voz à ira?

A terapia é o lugar onde é possível suspender o julgamento e trocá-lo pela compreensão do que se sente. Que significado é dado a este sentimento? Como deve ser amparado? Aceitar o que se sente é o primeiro passo para conseguir reagir de outra forma, inclusive. Não é o sentir determinada emoção que importa. Importa o que é feito com esse sentir e para onde ele é direcionado.

Como esses sentimentos, jogados para debaixo do tapete, aparecem e emergem na sua vida?