Também no último encontro do Instituto de Psicologia Gestalt em Figura apresentei perspectivas de como (re)produzimos conteúdos na internet e como estes são reconfigurados por algoritmos.
Os softwares de entrega e compartilhamento de conteúdo têm sido imprescindíveis no agenciamento do acesso à informação, sendo fundamentais na construção das mídias digitais como conhecemos. Podem ser usados por pessoas ou organizações para gerar recomendações, personalizar resultados de busca e promover conteúdo para (re)produtores/consumidores de informação.
São produzidos por pessoas que contribuem intencionalmente, ainda que nem sempre conscientemente, com seus próprios vieses e que podem ser incorporados e manifestados de maneiras nem sempre óbvias, causando danos na mediação da informação que é repassada a partir da perspectiva de cada produtor e é entendida da forma como cada um decodifica seu conteúdo.
As informações podem ser introjetadas de modo acrítico e induzir quem consome, de maneira intencional ou não, a certas escolhas econômicas e ideológicas. Se os produtores possuem vieses de gênero, raça ou classe, por exemplo, esses preconceitos podem ser incorporados nos resultados, reproduzindo desigualdades sociais.
Nem sempre percebemos o papel que os produtores de conteúdo estão exercendo, pois a fronteira de contato criada pelo algoritmo pode omitir o contexto necessário para uma conclusão saudável da situação. Como consequência, esse processo pode dificultar a tomada de decisão, ajudar na propagação de fake news, o aumento da polarização social, econômica e política. Ainda pior: como vimos recentemente no caso de influenciadores promovendo jogos de azar online, podem trazer prejuízos financeiros consideráveis para seus seguidores.
Proponho, então, a tarefa de entender como é possível contribuir para uma psicopedagogia de promoção de uma melhor consciência em relações mediadas por algoritmos. Além disso, proponho que todos nós possamos colaborar para a regulamentação das mídias digitais e nos manter sempre atentos aos vieses na (re)produção de conteúdo.
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