Até que ponto devemos ser tolerantes? Em tempos de extremos como estes, a tolerância tem sido testada cotidianamente.
Existem várias formas de violência que são perpetuadas a partir de uma crença generalizada de que temos que perdoar e evitar conflitos em qualquer situação para manter boas relações. Creio que essa postura pode ser danosa. Deve haver limites para os esforços tomados para se manter em um relacionamento, um grupo, um ambiente que não faz bem.
Tolerância ou omissão?
A tolerância deve ser praticada respeitando o próprio corpo na situação.
Certos comportamentos não devem ser tolerados. O conflito torna-se necessário como uma possibilidade de defesa e afirmação da diferença. Devemos incluir aqui as lutas e resistências contra as violências (especialmente contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos), contra as exclusões, contra o racismo e suas diversas manifestações, contra o capacitismo, entre outras.
Se um sistema familiar apresenta relações abusivas, um dos indivíduos deve se posicionar de modo a não tolerar mais àquela violência. Isso pode ser saudável para o próprio sistema, pois traz mudança e saúde.
Ao falar desse assunto, é importante que tenhamos também a clareza de que cada pessoa tem seu próprio tempo e espaço para encarar os próprios desafios. O conflito deve ser uma possibilidade e não exigência. Cada um vai chegar lá da forma que é possível, fazendo o melhor que pode com o que se tem nas mãos e essa vivência também é importante e deve ser respeitada.
A mensagem principal que quero deixar aqui é que a tolerância deve ser praticada com consciência de quem se é na situação. Deve-se atentar para que a tolerância não se torne uma omissão, na qual me calo para permanecer convenientemente em um sistema que nos faz mal às custas da própria saúde. Se puder lutar, lute.
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