Tem um trabalho constante na minha prática de reconhecer e tomar o cuidado necessário para não recomendar recursos e doses iguais para todas as pessoas. Não existe em psicoterapia uma receita fechada de algo que seja bom e funcione de maneira idêntica para todo mundo. Durante o processo clínico, o importante é justamente entender quais demandas e possibilidades que emergem no encontro.

Sabe aquela teoria milagrosa que promete mundos e fundos e que muitos se agarram cegamente? É com ela que precisamos romper. 

Os métodos e práticas de autoajuda vêm e vão. Cada dia surge um novo, infalível e indispensável, para atingir aquele objetivo tão sonhado. Eles povoam o feed das redes sociais com histórias emocionantes e incríveis. Fazem sucesso no curto prazo e podem ter resultados positivos, mas não se sustentam. Nada funciona do mesmo modo para todas as situações.

Somos peculiares demais para ter recursos que funcionam igualmente da mesma forma. As necessidades mudam ao longo do tempo e os recursos disponíveis para lidar com as situações também precisam ser atualizados. Algo que sempre funcionou pode parar de funcionar ou não funcionar mais a partir de novos desafios que se apresentam. 

A diferença entre o remédio e o veneno é a dose.

Paracelso – Médico e físico do século XVI

É importante descobrir formas de reconhecer e reagir às situações. Assim como é essencial investigar o que está causando o adoecimento de maneira recorrente. Para isso, é sempre necessário paciência consigo mesmo e autoconhecimento. Não há guru no mundo que consiga oferecer um plano perfeitamente certeiro. Todo conhecimento é bem-vindo e amplia a caixa de recursos disponíveis. No entanto, cabe a você identificar o que é possível e cabe na sua realidade.