Nos textos que trago por aqui sobre o fazer psicoterapia, friso a importância de se verificar os contextos e vivências de cada indivíduo para oferecer um acolhimento legítimo. Seguindo nessa linha, hoje quero romper com uma visão que é muito comum na internet, a de que a terapia cura tudo.
As dores perpetuadas a partir do racismo, machismo, LGBTfobia, gordofobia e demais formas de preconceito presentes em nossa sociedade deixam marcas profundas na subjetividade. Nestes casos, a terapia se apresenta como uma redução de danos, mostrando o caminho para reconhecer a si mesmo e estabelecer mecanismos de autocuidado. Se o sofrimento psíquico for inevitável, que seja fruto de uma escolha pelo enfrentamento.
É importante ter em mente que essas violências estruturais precisam ser combatidas no âmbito coletivo, porque estão enraizadas no cotidiano e são construídas em todas as relações entre pessoas. Enquanto não tratarmos a causa raiz das questões, haverá a perpetuação de adoecimentos. O caminho é disponibilizar acolhimento e diálogo para quem sofre por essas estruturas, oferecendo condições para um rompimento com as relações que trazem mal estar.
A terapia deve oferecer um local seguro para o desenvolvimento da subjetividade, acolhendo a diversidade e promovendo o autocuidado. É a partir do reconhecimento de si mesmo, na relação com a alteridade, que podemos buscar estratégias coletivas para desconstruir a opressão e violência estrutural.
Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Emicida
Achar que essas mazelas me definem é o pior dos crimes
É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóiz sumir
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